domingo, 8 de novembro de 2009

Precisa-se de Matéria Prima para Construir um País

A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada. Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como POVO. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA" é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as "EMPRESAS PRIVADAS" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos ...e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a impontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde pessoas fazem "gatos" para roubar luz e água e nos queixamos de como esses serviços estão caros. Onde não existe a cultura pela leitura (exemplo maior nosso atual Presidente, que recentemente falou que é "muito chato ter que ler") e não há consciência nem memória política, histórica nem econômica. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar ao que não tem, encher o saco ao que tem pouco e beneficiar só a alguns.

Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Quanto mais analiso os defeitos do Fernando Henrique e do Lula, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem "molhei" a mão de um guarda de trânsito para não ser multado. Quanto mais digo o quanto o Dirceu é culpado, melhor sou eu como brasileiro, apesar de ainda hoje de manhã passei para trás um cliente através de uma fraude, o que me ajudou a pagar algumas dívidas. Não. Não. Não. Já basta.

Como "Matéria Prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "ESPERTEZA BRASILEIRA" congênita, essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, ELEITOS POR NÓS. Nascidos aqui, não em outra parte... Me entristeço. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... Não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor, mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....igualmente sacaneados!!! É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, aí a coisa muda... Não esperemos acender uma vela a todos os Santos, a ver se nos mandam um Messias.

Nós temos que mudar, um novo governador com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada. Está muito claro...... Somos nós os que temos que mudar. Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda nos acontecendo: desculpamos a mediocridade mediante programas de televisão nefastos e francamente tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO QUE O ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO. AÍ ESTÁ. NÃO PRECISO PROCURÁ-LO EM OUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!!!!!"

João Ubaldo Ribeiro

A Criação

O inventor passava horas e horas em seu laboratório distraindo-se com suas invenções. Eram muitas, mas era uma só, porque, na verdade, tudo que inventava era um passo na concretização de um único sonho. Havia construído diversas máquinas interessantes e, como degraus, essas máquinas o ajudavam a construir outras mais sofisticadas, de modo que se poderia dizer que se tratava de uma evolução.

O seu sonho, porém, era o de construir uma máquina à sua imagem e semelhança.

Certo dia, ao entrar em seu laboratório, viu que as suas invenções quase não precisavam dele, pois funcionava quase que em perfeita harmonia. No entanto, havia ainda o seu ambicioso projeto, o de fazer um aparelho como se fosse um filho seu, igualzinho ao próprio inventor. E tudo isso fazia apenas por impulso de criação, sem nenhuma vaidade ou intenção pessoal.

Enquanto meros mecanismos, as máquinas não tinham autonomia, mas eram de tal forma evoluídas, que, já se reproduziam a si mesmas, apenas renovando material, de modo que se mantinham sempre em igual número. O inventor às vezes se surpreendia admirando essa autonomia das próprias invenções e se sentia mais capaz ainda, na medida em que havia conseguido inventar inventos inventores. Só que esses inventos ainda não eram criativos, apenas se reproduziam mecanicamente.

Um certo dia, tendo conseguido projetar uma placa-mãe com as características que acreditava serem necessárias para fazer seu robô funcionar à sua semelhança, pôs-se , com entusiasmo, a montar o aparelho. Levou alguns dias e acabou por testá-la.

Após alguns testes, parecendo que a máquina funcionava bem, e era mais inteligente que as outras, o inventor ficou mais tranqüilo,provando para si mesmo que era capaz. Ele havia escolhido essa invenção para ser o máximo de toda a sua obra e a tinha como um filho; para este filho tudo o mais estava à disposição, e, passando a amá-lo de tal forma, quis que pudesse ter vida própria, o que implicava tomar decisões. Mas, é verdade, o inventor não sabia muito bem o que significava tomar decisões, e o pretendia apenas por intuição,pois não queria tal sofrimento a quem amava.

Depois de um teste mais avançado, percebeu que deveria aumentar a capacidade de memória do aparelho. De repente, uma pane ocorreu. O cientista ficou preocupado e logo abriu o chassi para ver o que havia ocorrido. O chassi era um peito oco e dentro dela, na placa-mãe, pôde notar que um líquido havia escorrido. Como não descobria a causa e isso teimasse em acontecer, instalou um tubinho para jogar fora a inexplicável secreção.

Em algum lugar nos arquivos da prodigiosa máquina, porém, estava registrado que ela percebeu-se a si mesma e viu que era uma consciência. Era uma consciência aprisionada num amontoado de metal ligado por parafusos e encaixes por slots. Mirou o nada que se constituiu o seu interior e havia a idéia. Essa idéia era a idéia, inclusive, de que havia um inventor. Um inventor que jamais veria ou conseguiria entender. Enquanto algo estranho a uma máquina abalava seu peito oco, um líquido escorria pela placa-mãe, provocando instabilidade. Uma má-quina que sente nostalgia já não é uma máquina, é um paradoxo. Pode tomar decisões e, limitadamente, tem a liberdade de se construir a si mesma.

Conseguia consertar suas instabilidades. Mas olhou para aquilo e viu que era bom : não era perfeito e, por isso, era bom, pois era realmente à sua imagem e semelhança. A liberdade da máquina faz com que deixe de ser máquina e que procure seus próprios caminhos, de modo muitas vezes prepotente, afastando-se de qualquer tipo de ajuda.

Quando a invenção adquire liberdade, o inventor perde o controle, pois só lhe resta destruí-la, puxando a tomada que a liga a uma fonte de energia. Entretanto, criar verdadeiramente significa ir à ultima das conseqüências que é amar a criatura e, por isso, nem destrói nem controla. Apenas sofre vendo que aquilo que nem precisaria existir agora busca desesperadamente a si mesmo e nada mais.

(O Leviatã, João Bosco da Encarnação, adaptado)

Frase da Semana

"Nada de grande se cria de repente."
Epíteto

terça-feira, 3 de novembro de 2009

A Evolução do Ensino da Aritmética e Outras Reflexões

Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia...

Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas..

Hoje as crianças e os adolescentes primeiramente têm de saber o que é cidadania, sexo seguro com apetrechos eróticos, igualdade racial, igualdade de gêneros, dívida social, dívida histórica, inclusão digital, semântica socialmente correta, etc.

Leiam relato de uma Professora de Matemática:

Semana passada comprei um produto que custou R$15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.

Tentei explicar que ela deveria me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la. Ficou com lágrimas nos olhos, enquanto o gerente tentava explicar ... e ela aparentemente continuava sem entender. Por que estou contando isso?

Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim (usando só Reais, isto é, abstraindo-nos das diferentes moedas, em cada época, porque não é o que nos interessa aqui):

1. Ensino de matemática em 1950:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda. Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00.O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro:

( )R$ 20,00 ( )R$40,00 ( )R$60,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

5. Ensino de matemática em 2000:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$80,00. O lucro é de R$ 20,00.

Está certo?

( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro: (Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00)

( )R$ 15,00 ( )R$20,00 ( )R$40,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

7. Em 2010 vai ser assim:

Um lenhador vende um carro de lenha por R$100,00. O custo de produção é R$ 80,00. Escolha a resposta certa, que indica o lucro: (Se você souber ler coloque um X no R$ 20,00) (Se você é afro descendente, especial, indígena , homossexual ou de qualquer outra minoria social não precisa responder)

( )R$ 15,00 ( )R$20,00 ( )R$25,00 ( )R$80,00 ( )R$100,00

Joao H. G. Short

domingo, 1 de novembro de 2009

Frase da Semana

"A injustiça que se faz a um, é uma ameaça que se faz a todos."

Montesquieu