sábado, 21 de setembro de 2013

Palavras pra quê?

Uma 'leve' apologia à SEXTA-FEIRA! Boa noite!...



Devagarinho, 
descolo de tua boa
e encaro o teu rosto nu
sem as barreiras da sociedade,
sem as máscaras do individualismo.
Acompanho a gota de suor 
que escorre pelo teu corpo
e se esconde no cós
do teu jeans.
Meus dedos, trêmulos
tocam tuas costas
sentindo o vai-e-vem
da tua respiração ofegante.
E afinal,
me olha,
me acanha
e me ganha
com teu sorriso de menino
e em sucumbe
com o beijo
de um homem apaixonado.
Carla, por ela mesma

terça-feira, 17 de setembro de 2013

ÉRAMOS VELHOS AMIGOS

A emoção aos poucos escorre
Tornando amargas as palavras proferidas
Somente o gelo encobre as feridas
Da pessoa que agora morre.
Os versos que no papel caem
Destituídos de qualquer arroubo
Não deixam mais insano, o louco
Nem despertam sentimentos que traem.
Trazendo solidão e quietude
Já na descrença se ofusca
O brilho da juventude.
Não importam mais as lembranças
Nem saudades ou esperanças
De, um dia, sermos de novo crianças...
Carla, por ela mesma

domingo, 1 de setembro de 2013

Poetas, por Luis Fernando Veríssimo

Poetas, por Luis Fernando Veríssimo

Ainda não sabemos tudo sobre Marte, mas sabemos o bastante para dizer que ele nos decepcionou. Marte foi um blefe. Os tais canais vistos pelas lunetas antigas, provas de que haveria alguma forma de vida inteligente no planeta, mesmo que fosse só de engenheiros, não eram canais.
Nenhum vestígio de qualquer tipo de vida apareceu em Marte, muito menos o de uma civilização de homenzinhos verdes, ou de qualquer outra cor, com a capacidade para invadir a Terra. Anos e anos de literatura premonitória e previsões terríveis foram desperdiçados. Nos apavoraram por nada. Como no Iraque, também não havia armas de destruição em massa em Marte.
Mas, se Marte revelou ser um imenso parque de estacionamento, que não ameaça a Terra, isso não quer dizer que não existam civilizações lá fora que cedo ou tarde entrarão em contato conosco, exigindo nossa submissão ou anunciando a invasão.
Nada nos assegura que, se ainda não fomos invadidos por exércitos extraterrenos, não tenha havido — ou esteja havendo neste momento — missões de prospecção e espionagem, feitas por destacamentos avançados ou por agentes isolados, Não quero assustar ninguém, mas vou contar.
Já tive contato com um desses agentes extraterrestres. Desconfiei quando ele disse “Vocês são engraçados...” e eu perguntei “Vocês”, quem? “Vocês” brasileiros? “Vocês” carecas? “Vocês” míopes? Destros? Cardiopatas? E ele respondeu: “Vocês, gente.”
E me confessou (já tinha bebido um pouco) que não era deste mundo, era de outro, e estava prospectando o Universo inteiro atrás de um planeta para ser colonizado pelo seu. Achava que tinha, finalmente, encontrado este planeta. Era a Terra. No seu relatório, recomendaria que a Terra fosse ocupada e sua principal riqueza natural explorada, pois era o que faltava no planeta do qual viera.
Perguntei qual era a riqueza natural que nós tínhamos e eles não e o extraterrestre respondeu: “A poesia.” E perguntou: “Você sabe que a Terra é o único planeta do universo conhecido em que as pessoas dão nome aos ventos?” Fiquei lisonjeado com aquilo, pensando: “Taí, somos todos poetas e não sabíamos”, e perguntei o que fariam com os poetas da Terra no planeta dele.
— Comê-los, claro — respondeu ele.
E explicou que não havia mais poetas no seu planeta porque já tinham comido todos. Ou como eu imaginava que eles tinham se tornado uma civilização tão avançada?